Desenvolvimento Moral

 

Para Kohlberg a maturidade moral é atingida quando o indivíduo é capaz de entender que a justiça não é a mesma coisa que a lei; que algumas leis existentes podem ser moralmente erradas e devem, portanto, ser modificadas.

Criou a teoria dos estádios morais, pois acreditava que o nível mais alto da moralidade exige estruturas lógicas novas e mais complexas do que as apresentadas por Piaget.

Assim, segundo o autor, existem três níveis da moralidade. O primeiro chamou de nível pré-convencional que se caracteriza pela moralidade heterônoma, onde "as regras morais derivam da autoridade, são aceitas de forma incondicional e a criança obedece para evitar um castigo ou para ser recompensada". O indivíduo deste estágio, define a justiça em função de diferenças de poder e status, sendo incapaz de diferenciar perspectivas nos dilemas morais. Há neste nível um segundo estágio, o qual Kohlberg, chamou de moralidade de intercâmbio, pois inicia-se o processo de descentração, possibilitando ao indivíduo perceber que outras pessoas também tem seus próprios interesses, porém a moral ainda permanece individualista, fazendo com que estabeleça trocas e acordos. Segundo Dáz-Aguado e Medrano (1999), Kohlberg afirmava que as regras e expectativas sociais, são externas ao eu.

O segundo nível, classificado por Kohlberg, foi chamado de nível convencional, o qual valoriza-se o reconhecimento do outro e inclui dois estágios: o da moralidade da normativa interpessoal e o da moralidade do sistema social. No primeiro começa-se a seguir as regras para assim garantir um bom desempenho do papel de "bom menino" e de "boa menina", percebe-se uma preocupação com as outras pessoas e seus sentimentos. Já no segundo estágio, o indivíduo "adopta a perspectiva de um membro da sociedade baseada em uma concepção do sistema social como um conjunto consistente de códigos e procedimentos que se aplicam imparcialmente a todos os seus membros.

O terceiro nível foi chamado de nível pós-convencional, considerado por Kohlberg, como o mais alto da moralidade, pois o indivíduo começa a perceber os conflitos entre as regras e o sistema, o qual foi dividido entre o estágio da moralidade dos direitos humanos e o estágio dos princípios éticos universais. Neste nível, os comportamentos morais passam a ser regulados por princípios (exemplo: o indivíduo não rouba simplesmente porque sabe que isso é errado).

 

"Os valores são independentes dos grupos ou das pessoas que os sustentam, porque são princípios universais de justiça: igualdade dos direitos humanos, respeito à dignidade das pessoas, reconhecimento de que elas são fins em si e precisam ser tratadas como tal. Não se trata de recusar leis ou contratos, mas de reconhecer que eles são válidos porque se apoiam em princípios".

 

Segundo os estudos de Kohlberg, pouquíssimas pessoas atingem o último nível da construção moral, o qual alega inúmeros motivos. Ao encontrar soluções aceitáveis a tal descoberta, o autor justifica que em primeiro lugar as pessoas não nascem morais, mas que seu comportamento moral evolui a partir de etapas e de oportunidades que procedem à descentração. Partindo deste pensamento, Kohlberg esperava que os pais e professores estivessem moralmente maduros para auxiliarem as crianças, mas, como ele mesmo percebeu, nem sempre isto ocorre. Outro facto que o autor aponta é que sentia dificuldades em encontrar professores para auxiliá-lo, uma vez que muitos se encontravam no nível pré-convencional. Mais uma vez, constatamos que a influência do adulto na construção moral da criança é um facto importante, pois se segundo Kohlberg, o adulto encontra dificuldades em atingir o nível máximo da moralidade, como poderá construí-la nas crianças?

 

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